terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Pavlova de Mirtilos

Ela estava ali, ao lado dele. Ele estava com ela, mas não a via!
Hoje, para ele, ela seria quase invisível. Podia segurar-lhe na mão, podia sorrir-lhe, podia até aperta-la junto ao peito e mesmo assim sabia que os seus olhos estavam presos noutro lugar. Porem não lhe importava, seria algo passageiro, hoje podia ficar preso na outra à vontade, podia deseja-la, encher os olhos dela, ficar pertinho e sentir-lhe o doce aroma. Hoje podia imaginar o seu beijo quente, prende-la pela cintura e  inundar os sentidos imaginando-a sua. A final não era todos os dias que se podia disfrutar de alguém com tanta beleza...
Tinha que reconhecer que ela era deslumbrante, mas sabia que ficaria por pouco tempo, era assim a Pavlova completamente inebriante!


Ela é a favorita cá em casa, a mesa pode estar cheia de doces iguarias mas se ela estiver presente ofusca todos as restantes! É sempre a mais desejada e por isso a primeira a acabar! Esteve, por muito pouco tempo, na mesa de Natal.


Os mirtilos  foram (mais uma vez) uma gentil oferta da Bioprodutores. Mesmo estando congelados mantiveram o seu delicioso sabor.
Segui a receita do Célio do "Sweetgula" na execução do merengue.


Pavlova de Mirtilos

Ingredientes:


Merengue


6 claras de ovo;

220 g de açucar;
1 colher de café de essencia de baunilha;
2 colheres de chá de vinagre de cidra;
1 colher de sobremesa de amido de milho.

Doce de Mirtilo

300 g de mirtilos (usei congelados);
150 g de açucar;
1 colher de sobremesa de sumo de limão.

Creme

200 ml de natas;

200 ml de iogurte grego;
açúcar;
sumo de limão.

250 g de mirtilos para finalizar.




Execução:

Merengue

Começar por desenhar um circulo sobre uma folha de papel vegetal com cerca de 20 cm de diâmetro.
Colocar a folha num tabuleiro com a parte desenhada virada para baixo.
Bater as claras até formarem picos suaves. Sem parar de bater, aos poucos, adicionar o açucar, até que fiquem bem firmes.
Seguidamente juntar a baunilha e o vinagre, bater novamente para misturar bem.
Envolver delicadamente o amido de milho.
Verter o merengue sobre o tabuleiro forrado, na zona com o circulo desenhado.
Dar-lhe a forma desejada com a ajuda de uma espátula, ou mesmo com as costas de uma colher.
Pressionar o centro de modo a formar uma concavidade.
Aquecer o forno a 150º C. Colocar o merengue no forno a baixar a temperatura para 140º C. Voltar a reduzir a temperatura 15 minutos depois para 120º C, deiare cozinhar durante 1.30 h.
Arrefecer completamente dentro do forno, com a porta ligeiramente entreaberta.

Doce de Mirtilos

Levar ao lume todos os ingredientes até levantarem fervura. Manter em lume brando mexendo uma vez por outra, até que os mirtilos se desfaçam. Deixar arrefecer.

Creme de Nata e Iogurte

Bater as natas até espessarem, juntar o açúcar e o sumo de limão. Voltar a bater para se misturarem bem.
Adicionar o iogurte e bater novamente em velocidade lenta.

Montagem

Descolar o merengue do papel vegetal lentamente com a ajuda de uma espatula, ou faca. Rodar e cuidadosamente desliza-lo para um prato de servir.
Rechear com o doce, deixando escorrer algum pelas laterais.
Cobrir com o creme.
Finalizar dispondo os mirtilos.



Ao sair do forno estava perfeita!
Depois com o peso das 3 camadas de recheio foi estalando um pouco, mas nada de especial.
Levei-a ao frio e servi fresca, estava divina! bem crocante no exterior e cremosa por dentro, tal como deve ser.




Com ela encerro 2014 aqui no blogue.
Desejo que 2015 vos traga tudo de bom e muitos sonhos realizados!
Por falar nisso... hoje aqui o pequeno está de parabéns, faz 3 anos que nasceu!



terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Bufas ou Borrachos

Chega de mansinho, sem fazer barulho!
Ninguém o ouve, ninguem o vê, mas todos sabem que ele virá!
Gosta de ser bem acolhido, por isso a mesa tem que estar posta e repleta de doces iguarias.
Há que afirme com certeza que ele gosta de leite frio e bolachas, mas eu vou contar-vos um segredo... aqui em casa, do que ele realmente gosta é de uma boa "bufa", quentinha, perfumada pela canela e emborrachada de vinho muito docinho. Aquece-lhe a alma e dá-lhe força para o resto do caminho.


Esta é uma receita de familia, de muitas familias!
Aqui no Alto Minho, especialmente na zona do vale do rio Minho (Caminha, Cerveira, Valença) é muito apreciada e está presente na mesa de consoada.
A primeira vez que comi "bufas" foram feitas pela minha sogra, cheguei a ver como ela as fazia. Só que era tudo feito "a olho", sem peso , nem medidas. Esfarelava-se o pão duro, uma grande semea, que as padarias fabricam (a par com os cacetes) especialemente para o efeito. Depois juntavam-se os ovos, primeiro sem cuidado e de seguida um de cada vez, até que a massa tivesse a consistencia certa.
A minha primeira tentativa não correu nada bem, ficaram duras, não ensoparam bem o vinho... um desastre. Durante muito tempo não voltei a fazer, preferia as que ela sempre trazia. Depois que faleceu a minha cunhada Alice tomou a seu cargo fazer as bufas e partilhar connosco.
Este ano uma conterrânea pediu-me a receita e acordou o bichinho! A final as receitas que mais gosto de fazer são as bem antigas e esta é uma delas.
Descobri que está no livro de "Cozinha Tradicional Portuguesa" de Maria de Lurdes Modesto, e testei-a para ver se era igual. É sim e com a grande vantagem de já ter as quantidades descritas.



Ingredientes:

250 g de miolo de pão duro;
5 a 6 ovos;
50 g de açúcar;
1 colher de chá de canela;

oleo para fritar q.b.

Calda

500 ml de vinho verde branco;
250 g de açúcar (gosto de usar do amarelo);
2 paus de canela;
casca de limão.



Execução:

Prepara-se a calda levando ao lume todos os ingredientes.
Esfarala-se bem o miolo do pão (tipo semea). Batem-se todos os ingredientes até obter uma massa lisa e com textura mole (tipo massa de bolo). A quantidade de ovos necessários dependo do tipo de pão usado e do tamanho dos ovos. 
Fritam-se colheradas de massa, de ambos os lados. Viram-se com a ajuda de 2 colheres.
À medida que vão ficando fritas colocam-se dentro da calda e deixam-se ferver em lume muito brando, até estaram bem "borrachos" (ensopadas).
Vão-se retirando para um recipiente para dar lugar às seguinte.
No final deve-se ter ainda bastante calda. Se for necessário junta-se mais vinho e açucar.
Regam-se com a restante calda.
Servem-se mornas.

No Facebook mostro algumas fotos com a execução... espreitem lá.


Alguns "segredos" importantes para um bom resultado:

  • O vinho tem que ser de boa qualidade,  gosto de usar um loureiro,  trajadura misturado com alvarinho, ou até mesmo só alvarinho;
  • O pão usado deve ser tipo regional, uma semea com muito miolo é o ideal e tem que estar duro (com no minimo 2 dias). Desta forma é mais fácil de esfarelar, pode até usar-se um robot de cozinha para essa tarefa. 
  • Prefiro o açucar amarelo, o mais escurinho (RAR), acho que melhora o sabor e a cor da calda fica mais bonita;
  • É importante deixar ferver em lume bem brando, evitando a rápida evaporação do vinho e permitindo que as bufas fiquem completamente encharcadas;
  • As bufas são servidas dentro da calda, por isso caso reste pouco no final é preciso fazer um pouco mais. Depois servem-se mornas e regadas com a calda.



Desejo a todos os  que por cá passam um Natal muito feliz, que seja rodeado por quem amam, cheio de alrgria e doces aromas. Que dele fiquem gratas memórias, memórias que  permanecem e podem ser revisitadas ao longo do tempo.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Rabanadas Assadas no Forno

Queria tanto poder gostar de ti!
És jovem e de aspeto tão tentador, atrai-me do teu ar jovial e o sorriso fácil. Encanta-me especialmente  a alegria que te dança no olhar!
Quem és tu a final?
Porque te atreves a desafiar-me, dizendo-te inofensiva?
Mostras-te leve e solta, livre de pecado mas isso não é verdade... são apenas aparências!




O Natal tem cheiro de canela e sabor tão docinho!
São dias de excessos e que bons que eles são!
Gosto de manter a tradição, mas sempre descobrindo novas receitas. Junto o novo ao tradicional e ninguém leva a mal.
Decidi experimentar a rabanadas assadas no forno. Escolhi uma receita da chefe Càssia Fróio e adaptei-a ao meu gosto. Entre outras alterações sei um licor de laranja em vez do rum. Obtive um sabor a laraja bem distinto, que em conjunto com a canela é delicioso. 
Não se pode dizer que é uma receita inofensica, como já vão ver, mas ao retirar a gordura da fritura, uma parte do sabor também é eliminado, precisa de algum tipo de compensação ou as rabanadas irão ficar... "deslavadas".


Rabanadas Assadas no Forno

Ingredientes:

pão cacete duro, com 2 dias (usei 2 cacetes tipo francês, dos fininhos);
500 ml de leite meio gordo;
raspa de 1 laranja;
2 colheres de sopa de açúcar;
2 colheres de sopa de manteiga;
2 colheres de café de essencia da baunilha;
3 colheres de sopa de Cointreau (pode ser rum ou conhaque);
200 ml de natas light;
1 pau de canela;
2 ovos + 2 gemas;
mistura de açucar e canela para polvilhar q.b.




Execução:

Levar ao lume o leite, o pau de canela, a raspa da laranja, e 2 colheres de sopa do licor de laranja. o açucar, a manteiga e 1 colher de café de essencia de baunilha.
Deixar ferver em lume muito brando durante 5 minutos. Retirar do lume e juntar 2/3 das natas.
Barrar 2 tabuleiros baixinhos com manteiga e polvinhar bem com a mistura de açúcar e canela.
Cortar o pão em fatias com a espessura de um dedo.
Bater os ovos e as gemas, as restantes natas, 1 colher de café baunilha e 1 colher de sopa de licor.
Juntar a  parte restante das natas à  infusão de leite e mexer bem.
Mergulhar as fatias de pão no leite quente.
Sequidamente passar pela mistura de ovo.
Dispôr sobre os tabuleiros e polvilhar com açúcar e canela.
Levar ao forno, pré.-aquecido a 180.º C, durante cerca de 30 minutos, ou até terem um aspeto levemente tostado.
Raspar do fundo dos tabuleiros a restante canela e açúcar distribuir pelas rabanadas.




Eu tenho que vos confessar que gostei imenso desta novidade, ficaram muito saborosas, com um travo a laranja, são de facto muito boas. O meu filho disse que para ele ficam em 2.ª lugar, logo a seguir às de rabanadas com creme de ovo!



São melhores que as tradicionais?
Na minha opinião, muito, muito sincera?
São muito diferentes. Na mesa da consoada eu vou continuar a querer rabanadas fritas (de leite ou de vinho), matendo a tradicão , com frutos secos e uma calda ... ainda não sei bem qual. Vou mudando todos os anos o tipo de rabanadas (só não posso deixar de fazer as de creme de ovo, não me deixam)!
Então e estas?
Vou fazer mais vezes, vou mesmo... quando já não for Natal.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Doce de Chuchu com Açafrão e Limão

O seu aspeto era pálido, como se estivesse há muito privado da companhia do sol! Tinha um semblante tristonho e mesmo sendo jovem parecia envelhecido, perdera o encanto! Na verdade o seu ar era pouco amistoso!
Então decidi que precisava de lhe mudar aquela cor,  como o faria?
Talvez o que precisasse  apenas de calor, uma pitada de alegria, um golinho de amor. 
Voltaria então a brilhar como um lindo raio de luz! Ficaria bem diferente, muito mais atraente, um verdadeiro chuchu!



A minha amiga Gina deu-me um cesto cheio de chuchus e pensei logo experimentar fazer doce, nunca tinha feito e nem sequer comido, estava curiosa!  Fui pensando no assunto, conversando com colegas e amigas sobre a forma de o fazer. Espreitei diveros blogues  e confesso que o aspeto do doce não me atraia, uma cor pálida, desmaiada, sem grande piada. Então ocorreu-me dar-lhe uma volta, porque não?
Juntar-lhe o sabor e a cor do limão! Lembrei-me então do açafrão, lindo na sua cor viva, que não altera o paladar e o enche de excelentes propriedades (sim a açafrão faz muito bem à saúde).
Adorei o resultado, parece um frasco cheio de fios de ovos!
Tem um sabor citrico e um belo perfume de canela.


Doce de Chuchu com Limão e Açafrão

Ingredientes:


1 kg de chuchus descascados;
750 g de açúcar*;
2 paus de canela (Suldouro);
sumo e raspa de 1 limão grande;
1 colher de chá de açafrão em pó (Suldouro).


*A quantidade de acuçar da receita destina-se a um doce que vai ser preservado à temperatura ambiente. Porém este doce pode ser realizado com menos açucar (450g), necessitando ser guardado no frigorifico ou, para uma conservação mais prolongada no tempo, deve ser congelado.


Execução:

Ralar o chuchu de forma a obter fios finos (como se fosse para salada).
Levar ao lume com o açucar, o sumo e raspa de limão e os paus de canela.
Juntar o açafrão.
Deixar o doce ferver lentamente, mexendo ocasionalmente, até atinguir o ponto.
Conservar em frascos herméticos.


Esta experiência deixou-me entusiasmada e com vontade de fazer novas variantes.... imagino tantas possibilidades!



Presta-se a fazer belas decorações, pode até ser usado no bolo rei em substituição dos ovos moles.


Gosto deste menino chuchu, gosto sim senhor!