sábado, 14 de fevereiro de 2015

Bolo Mousse de Chocolate e Amendoas com Framboesas

Logo que te vi senti que cai! Cai de amores, cai em desgraça, senti-me em graça. Foi tão grande o trambolhão que perdi toda a razão!
Mergulhei a fundo, lambuzei-me de ti e de tanto que comi sinto que adoeci.
Agora não me quero curar, quero ficar assim doente, tu minha droga, eu dependente. 
Este desejo que tenho de ti consome-me, devora-me e  apavora-me! Estou à tua mercê, no teu laço enredado, preso e enfeitiçado. Aqui eu vou ficar, não me quero libertar...
Estou preso em ti, preso a ti, louco por ti!


Ás vezes uma boa dose de loucura faz falta... 
Já fiz muitos bolos de chocolate, uns melhores outros piores, uns que deixaram vontade de repetir e outros que nem por isso. Atrevo-me a dizer que de todos os que já experimentei este é o melhor.
Umas vezes sai mais húmido e outras menos, depende da temperatura do forno e do tempo que lá fica. Gosto dele mal cozido, mas desta vez distrai-me na conversa e ficou 5 minutos a mais no forno, por isso ficou mais cozido. Decidi fotografar (mesmo sendo de noite) e trazê-lo para cá e partilha-lo com vocês, para que possam experimentar esta maravilha.


Quem gosta de chocolate vai apaixonar-se por ele na primeira dentada.
É tão fácil de fazer e de uma só vez tenho o bolo e a cobertura prontos. 
Escolhi-o para a sobremesa do "Dia dos Namorados", por ser um dos meus bolos preferidos. Juntei-lhe as framboesas que contrastam tão bem com o sabor forte a chocolate. Ousei um pouco e misturei a pimenta rosa e o licor de chocolate com piripiri, para apimentar a noite.


Bolo Mousse de Chocolate e Amêndoas com Framboesas

Ingredientes:


60 g de amêndoas com pele;

150 g de açúcar;
125 g de manteiga;
300 g de chocolate negro a 70% (em tablete);
9 ovos (tamanho M);
2+2 colheres de sopa de cacau em pó Royal;
1 colher de sopa de pimenta rosa;
30 ml de Licor de Chocolate com Piripiri da Chocolicor;
250 g de framboesas frescas;
1 colher de sobremesa de açucar em pó da Royal.


Execução:

Unte uma forma e coloque no fundo um disco de papel vegetal. Unte um pouco o papel e polvilhe as laterais da forma com cacau em pó.
Triture as amêndoas com metade do açúcar até ficarem reduzidas a uma espécie de farinha.
Parta o chocolate em pedaços pequenos e derreta-o com a manteiga em banho maria ou no micro-ondas. Deixe arrefecer um pouco.
Bata o restante açúcar com as gemas.
Junte o chocolate derretido à gemada, lentamente e mexendo sem parar.
Bata as claras até formarem picos (sem ficarem em castelo firme).
Junte as amêndoas trituradas ao creme com o chocolate e adicione 2 colheres de cacau em pó, a pimenta rosa e o licor.
Mexa até que fique tudo bem misturado.
Aos poucos junte as claras e envolva lentamente, sem bater.
Verta a massa na forma, reservando cerca de 1/3 para usar como cobertura do bolo.
Leva ao forno, pré aquecido a 150º C, durante cerca de 25 a 30 minutos se o quiser mal cozido, ou então um pouco mais se pretender que fique cozido na totalidade.
Depois de frio desenforme e cubra com a mousse reservada. 
Polvilhe com restante  cacau em pó. 
Disponha as framboesas e se quiser polvilhe com um pouco de açúcar em pó.


Salpiquei com alguns grãos de pimenta rosa pelo meio das framboesas, só para desafiar os olhos e atiçar o paladar!
Uma dose bem servida desta loucura de chocolate dá-nos uma imensa alegria, não concordam?
Ah! Fiz batota... fiz sim, a publicação tem a data certa em que gostaria de a ter publicado, em não hoje dia 21/02... assim a "casa" fica mais arrumadinha.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Sformato de Requeijão com Bróculos e Espargos

- É o que te digo, foi de tal ordem a zanga que partiram a loiça toda, eu vi! Vi com estes olhos que a terra há-de comer!
- Oh! Credo e porque seria?
- Ah! Algo de grave ele fez, ela estava furiosa, não ficou pedra sobre pedra!
- Tu viste? Estavas lá?
- Bem.. lá, mesmo lá não estava, mas passei perto ouvi tudo! Depois vi a cacaria toda à porta!
- Deixaram os cacos à porta?
- Sim, sim... no contentor.
- O contentor está à porta da casa deles?
- Hum... não está mesmo à porta, fica um pouco mais afastado. Fui despejar o lixo e vi os cacos, tudo partido e até havia sangue!
- Sangue?
- Sim e muito, era sangue por todo o lado!
- Ai! Jesus! Tu chamaste a policia?
- Nem pensar, não gosto de me meter na vida dos outros.


Aconteceu-me a mim, é verdade... parti mesmo a loiça toda, toda a que veem nesta foto, não sobrou nada! Ai o meu pratinho da Bordalo Pinheiro, que desgosto! Foi assim, num piscar de olhos, quando me virei não estava nada no mesmo sitio, nada, nem a tábua! 
Pode lá ser?
Pode sim! Duas patinhas curiosas empoleiraram-se para cheirar, a tábua abanou, as patinhas fugiram e com o balanço... virou tudo, esparramou-se tudo no chão e só escaparam os talheres, o resto ficou tudo em cacos!
Deu para salvar parte do Stormato graças ao papel vegetal que o protegeu e desta forma pudemos provar! 
- Pelo menos já tinha fotografado!
- Ah, pois! As fotos são mais importantes!
- Pois são! Tenho muita pena mas são mesmo! 


Mudemos de assunto... 
A culinária tem destas coisas, estou constantemente a descobrir novidades!
Já alguma vez comeram um pudim salgado?
Eu não. Bem... um soufflé foi o mais perto que cheguei.
Não resisti a experimentar o Sformato quando me deparei com ele o livro "Essentials of Backing" de Williams-Sonoma.
Fiz uma adaptação aos ingredientes que tinha em casa. A receita original leva só espargos, 500 g deles, mas o meu molho (depois de limpo) ficou reduzido a cerca de 300 g e tive que improvisar, por isso juntei também brócolos. O queijo usei o "Requeijão do Campo com Azeitonas" da marca Saloio, em substituição do Fontina. Acrescentei mais 1 ovo, porque não tinha ovos grandes, os meus eram tipo M. A receita que apresento está tal e qual como fiz.


Agora uma novidade boa, para compensar o "estrago" da minha loicinha...
A empresa Queijo Saloio é a mais recente parceria do "Tentações sobre a Mesa"! Teve a amabilidade de me oferecer um cabaz dos seus maravilhosos queijos, que inspirarão algumas receitas.  É importante salientar que  a Saloio detém, já por 6 anos consecutivos, o prémio do "Melhor queijo 2014" atribuído pela Associação de Lacticínios. Gosto imenso dos seus produtos e vai ser um prazer desenvolver receitas com eles.



Ingredientes:

1 chávena de leite (240 ml);
2 + 1 colheres de sopa de manteiga;
2 colheres de sopa de farinha;
1 requeijão do campo com azeitonas Saloio;
sal marinho q.b.
pimenta preta (moída na hora) q.b.
300 g de espargos limpos;
200 g de ramos de bróculos;
4 ovos M.




Execução:

Prepare vários ramequins, ou uma forma, untando com manteiga e forrando o fundo com papel vegetal (para facilitar quando se desenformar).
Arranje os legumes corte os espargos aos pedaços e leve a cozer ao vapor. Reserve as pontas dos espargos e alguns raminhos de bróculos e reduza os restantes a puré.
Aqueça o leite, sem ferver.
Leve ao lume 2 colheres de sopa de manteiga e quando ferver junte a farinha, mexendo sempre até espessar. Aos pouco adicione o leite de forma a obter um creme bechamel. Tempere com sal e pimenta preta moída na hora.
Bata ligeiramente os ovos.
Desfaça o requeijão e junte ao creme, mexendo até desfazer totalmente.  
Acrescente os ovos e o puré de legumes, incorpore bem no preparado anterior.
Verta na forma e leve a cozer no forno, pré-aquecido a 180º C, em banho maria, até que fique bem firme, mais ou menos durante 30 minutos.
Retire do forno e deixe arrefecer uns 5 minutos.
Descole as laterais com a ajuda de uma faca e desenforme sobre o prato de servir. Lentamente retire o papel vegetal.
Derreta a restante manteiga e envolva nela as pontas dos espargos e os raminhos de bróculos. Decore com eles o pudim.



Depois de lerem a receita e de verem as fotos certamente já perceberam que optei por não retirar o papel vegetal, achei mais fácil e pareceu-me que lhe dava alguma graça, ficou com um ar caseiro e rústico de que tanto gosto.


O Sformato foi aprovado, embora tenha ficado com vontade de o voltar a fazer só com espargos e depois variar com outros legumes, queijos... diferentes combinações. Faz uma entrada bonita e até requintada, mas também pode servir de acompanhamento ou até mesmo com prato principal. É bem versátil!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Aletria Cremosa


A primeira vez que a viu nem lhe ligou, a verdade é que dessa vez nem se recorda de a ter visto!
As vezes seguintes sabe que ela estava por lá mas nunca lhe prendeu o olhar, não lhe despertou nenhum tipo de curiosidade! Certo dia porém, sem que houvesse uma explicação lógica, simplesmente não conseguiu tirar os olhos dela!
Porque seria?
O que havia mudado?
Seria ela que estava diferente?
Ou seria ele que a via agora como sempre fora?
Linda e tão apetitosa!


Nunca vos aconteceu não gostar de comer algo e tempos depois mudar de opinião?
Acho que acontece a todos. Eu não gostava de queijo, excepto queijo fresco... desse gostava e muito. Aos poucos fui descobrindo que afinal alguns queijos até eram bons, mas levou muito tempo para conseguir comer um camembert, detestava o cheiro.
Atualmente tudo mudou, adoro queijos mesmo os malcheirosos!
O assunto de hoje porém não versa sobre queijo, é algo bem diferente... 




A aletria não fez parte da minha infância,  não me lembro de alguma vez a ver na mesa, nem sei quando foi a primeira vez que comi, mas lembro-me de não ter gostado! Era empastada, dava para cortar à faca. Durante muitos anos ignorei completamente esta sobremesa, convicta de que não gostava. Até que descobri a aletria cremosa e tudo mudou!



Ingredientes:

150 g de aletria;
1 l de leite;
200 g de açúcar;
50 g de manteiga;
8 gemas;
1 pau de canela;
raspa de 1/2 limão;
1 casca de laranja;
1 colher de sobremesa de água de flor de laranjeira (opcional);
canela em pó q.b.




Execução:

Começe por cozer a aletria em água temperada com uma pitada de sal, durante cerca de 5 minutos, mexa com um garfo para separar os fios.

Enquanto a massa coze, aqueça o leite e junte-lhe a raspa de limão, o pau de canela e a casca de laranja.
Escorra a aletria e aos poucos junte-lhe o leite, sobre lume brando, mexendo para evitar que fique colada.
Acrescente o açucar e a água de flor de laranjeira.
Misture as gemas batidas com um pouco de leite.
Retire a aletria do lume  e deixe arrefecer ligeiramente. Retire o de canela e a casca da laranja.
Junte as gemas em fio mexendo, com um garfo, sem parar e a manteiga.
Leve novamente ao lume mas sem deixar ferver, apenas o tempo suficiente para engrossar e permitir que as gemas cozam.
Verta de imediato em travessas.
Depois de fria, decore a gosto com canela em pó.



Este é um doce tradicional português, a sua receita está descrita em vários livros, incluindo no "Cozinha Tradicional Portuguesa" de Maria de Lourdes Modesto. A receita que nele consta é uma aletria mais consisitente, pois para 100 g de massa apenas leva 400 ml de leite, ao que se juntam 150 g de açúcar, 50 g de manteiga, 3 gemas, casca de limão e canela, sendo o modo de execução bastante similar ao que descrevo.
Se tem curiosidade de saber mais sobre este doce então recomendo que visite o blogue de Virgilio Ferreira Gomes, e leia um artigo muito interessante sobre a história e diferentes versões da aletria em Portugal e pelo mundo.